PJ "às escuras" na busca da menina desaparecida

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Um ano depois, não há qualquer pista sobre o paradeiro de um bebé recém-nascido que desapareceu da Maternidade do Hospital Padre Américo, em Penafiel. A Polícia Judiciária não consegue descobrir onde está a menina nem tem nenhuma indicação que permita saber quem realizou o rapto.

"Neste caso, podemos dizer que estamos às escuras. Temos efectuado várias diligências, mas os resultados não têm sido relevantes. Embora as pistas sejam ténues, continuamos a trabalhar no caso", disse ao DN uma fonte da PJ ligada à investigação do caso.

Ontem, a directoria do Porto emitiu um comunicado em que adianta que "continua a desenvolver investigações com a firme convicção de que poderá atingir os seus objectivos, isto é, a localização da criança". Acrescenta o documento que se não for possível encontrar a criança, a PJ buscará "o esclarecimento das circunstâncias envoltas no seu desaparecimento".

A única pista existente volta a ser referida: a imagem de uma mulher captada pelas câmaras de videovigilância do hospital. A identidade da mulher é desconhecida e é este facto que leva à divulgação da imagem. "Nem a podemos considerar uma suspeita porque não temos nada contra ela. Só gostávamos de saber é o que estava a fazer no hospital naquele dia", explicou a fonte da PJ.

Em Maio do ano passado, a imagem foi divulgada na comunicação social, mas os resultados foram nulos. "Estávamos à espera de muitas chamadas que nos obrigassem a uma triagem para verificar as que eram verdadeiras, mas nada disso aconteceu. Não houve feedback nenhum, estranhamente", disse o investigador da PJ. Por isso, o pedido de divulgação é novamente feito.

A PJ garante que a investigação não irá parar nem que demore anos. O caso só prescreve ao fim de uma década e se um dia for descoberto o paradeiro do bebé a sua identificação será sempre possível através de análise de ADN.

No Ministério Público de Penafiel corre o processo-crime. Para já, aguarda a investigação da PJ. Ninguém foi constituído arguido. No processo consta um relatório do inquérito preliminar realizado pela Inspecção-Geral de Saúde (IGS) que não apontou responsáveis para o desaparecimento.

Pouco tempos depois do rapto, a família recorreu a um advogado para processar o hospital. Adriano Santos está a preparar a acção judicial e espera que em Abril possa ter concluídos "os fundamentos da acção, baseando-se no facto de ter falhado a protecção a que o hospital está obrigado para com os seus utentes". O advogado, que pediu apoio judiciário para a família, vê-se confron- tado com o segredo de justiça que impede o acesso ao relatório da IGS.

"Manter a esperança"

Em Cernadelo, Lousada, os pais do bebé olham tristes quando confrontados com o mistério. Isaura e Albino Pinto acreditam que ainda é possível encontrar a filha. "A polícia continua à procura. Já fomos ouvidos muitas vezes. Temos que manter a esperança", desabafa a mãe, que aos 42 anos já deu à luz por sete vezes, três das quais na própria residência.

Em Fevereiro do ano passado, Isaura foi para o Hospital Padre Américo para dar à luz o sétimo filho. No dia 14, o bebé nasceu prematuro, devido aos problemas de diabetes, e necessitou de cuidados médicos especiais. Três dias depois, mãe e filha continuavam internadas. ao fim da tarde, Isaura Pinto foi jantar e deixou a menina na enfermaria. Na altura, era a única parturiente naquele local, já que as suas companheiras de quarto tinham obtido alta. A recém-nascida ficou sozinha. Quando regressou, Isaura deu conta do desaparecimento do bebé.

Teve alta uma semana depois mas ainda hoje vai regularmente a consultas de Psicologia e está su- jeita a medicação. "Não posso estar muito bem, não é? O meu filho pequenino, de quatro anos, está sempre a perguntar pela irmã. Um ano é muito tempo", disse Isaura Pinto.

O bebé já foi registada como Andreia Elisabete, e Isaura Pinto conserva todos os objectos ligados à filha. "Tenho a roupinha toda. Só não há é fotografias."

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